Graça Aranha e Jackson  

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"Para aquêles que libertaram a arte brasileira e procuraram integrá-la na atualidade nacional, Jackson de Figueiredo é escritor da mais evidente modernidade. Pode a essência do seu pensamento isentar-se do tempo pela base religiosa, em que se consolidou. Êsse pensamento reflete as angústias, as inquietações do nosso instante e exprime altivamente uma doutrina da salvação. O nosso momento é de afirmações. Todos se livram do ceticismo para proclamar uma libertação dogmática. Jackson de Figueiredo foi dêstes  afirmativos modernos. Combateu o romantismo literário e político. Tomou resolutamente posição no partido da ordem, da hierarquia e da religião católica, como outros afirmativos tomaram posição no partido da ditadura proletária e da negação religiosa. São afirmações vivas, ardentes, do homem de hoje, farto da dúvida e do sorriso renaniano. Para êsse combate, Jackson de Figueiredo armou-se de uma expressão simples, enérgica, despojada de literatura. Dentro desta forma, desta armadura, caracteristicamente moderna, ajustou-se um espírito desassombrado, magnífico de abnegação e sinceridade até o sacrifício. Foi um exemplo edificante de fé, de valor transcendente e por isso gerado de entusiamos. As esforçadas batalhas, em que se empenhou, não lhe esgotaram a perene frescura espiritual. Como os grandes combatentes da sua classe, Jackson de Figueiredo possuía a suprema alegria de admirar. Êste pródigo de emoções jamais teve a mesquinhez de negar o testemunho da sua admiração aos escritores e artistas, de que estava separado pelos ideiais. Entendia-se om êles em uma inefável zona de sensibilidade estética."

Graça Aranha, In Memoriam, Ed. de A Ordem.

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