Jackson de Figueiredo por Tasso da Silveira  

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SILVEIRA, Tasso da. Jackson de Figueiredo. A Ordem. Rio de Janeiro, p. 405-422, nov. 1937.

















Oração composta por Jackson de Figueiredo  

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Oração composta por Jackson de Figueiredo e enviada para sua Laura na noite de 20/02/1919 

Senhor! Eu tomo a tua justiça e vivo assombrado da tua bondade. Quem sou eu, que tenho feito nos pés da tua clarividência? 

Eu posso repetir a palavra de meu irmão: sou uma miséria dos pés à cabeça, sou uma lástima viva. Qual foi o momento em que tive coração digno de Ti? Por que me proteges, Senhor? 

Eu só vejo a face exterior da vida. Mas quantos sofrimentos tenho visto! Homens que julgo melhores do que eu tenho visto rolarem de infortúnio em infortúnio... 

E por que me deste tudo Deus de justiça? E por que fechaste o círculo da minha ambição? Eu não desejei fortuna; desejei amar e ser amado. E tu não pedes outra coisa, e concedeste-me esta graça. A Jó experimentastes, pesadamente - tinha ele o corpo em chagas, perdera todos os bens e chasqueou da sua miséria a mulher a quem amava. Eu tenho o meu coração guardado num coração maior do que o meu. Deus de misericórdia, fio que não me experimentes também. Eu sei que a felicidade é às vezes mais perigosa que o pesar. 

Tudo dorme em derredor de mim. Lá fora, porém, clamam os grandes ventos que soltaste e não tarda talvez que a tempestade se desencadeie. Eu tenho o coração angustiado. Está longe de mim a graça que me concedeste. Tenho medo, Senhor, estou sozinho. Jesus Cristo tenha pena de mim! A Virgem Santíssima tenha misericórdia de mim!

Senhor! Eu temo a Tua justiça. Senhor eu vivo assombrado de tua bondade. Meu Jesus Cristo! Minha Santa Maria, tenha piedade de mim! 

FERNANDES, Cléa Alves Figueiredo. Jackson de Figueiredo: uma trajetória apaixonada. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989. p. 218-219.

Jackson, consciência católica e reação  

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Jackson, consciência católica e reação
Candido Mendes de Almeida
Jornal do Commercio (RJ) 05/12/2008

Entre tantas efemérides, nestes dias, de celebração do pensamento brasileiro, de Machado a Guimarães Rosa, marcam-se também os oitenta anos do falecimento de Jackson de Figueiredo, arrebatado por uma onda na Joatinga, antes de sua quarentena. Deu-nos a retomada radical de uma visão do cristianismo na modernidade, no quadro do confronto de fundo, em que a crença saía da boa consciência da ordem e ao mesmo tempo do confronto da fé com a racionalidade progressista do começo do século.

Neste primeiro abalo da nossa acomodação católica de todo o sempre, arranca este sergipano, marcado por uma rebeldia congênita, exatamente no mesmo passo em que a sinceridade de um pensar lhe levaria do ateísmo dos primeiros anos a um ethos de adesão religiosa, a antecipar a visão dos engajamentos existenciais, do após guerra do meio século.

Toda uma tormenta de dúvidas se resolvia, finalmente, por esta fé de combate, à margem dos "cógitos" elegantes e da sacralização do cientificismo da época. O pensamento amarrava-se num itinerário lacerado, de dor e denúncia do indiferentismo à sua volta, e da quase violência que reclamaria uma restauração confessional.

É o caminho que Jackson nos traça, em "Pascal e a Inquietação Moderna", na "Reação do Bom Senso" ou na "Literatura Reacionária". A pregação vai ao nervo do cenário do Rio de Janeiro dos anos 20, nas madrugadas do Café Gaúcho, do sergipano vestido de negro, chapéu desabado e a bengala a que se refere Arthur Rios, seu genro. É como se uma emblemática acompanhasse o intelectual inquieto, que fazia do anti-respeito humano uma convicção contundente, trazida a uma coreografia de exprobrações, réplicas e abalos da mornidão da cabeça então imperante, por uma inquirição exigente do nosso caminho no século.

Reflexão. Jackson trazia à frente a reflexão de Farias Brito na virada do século, de defesa da vida do espírito, frente ao desinteresse com o absoluto e a transcendente da nossa ambiência livresca de então. A militância se desembaraça de toda tertúlia ou das convenções, a partir da dúvida elegante e prosélita em bem de um vitalismo, buscando a diatribe e o arrebatamento religioso, exigente numa proclamação de confronto e de um reacionarismo radical, no desenho da visão de mundo do catolicismo.

Desinteressado da decantação da cultura de uma época, em busca da afirmação do absoluto, da crença, sua invariança descartava todo bom tom ou a sofisticação que agregaria à fé de um intelectual no seio de seu tempo. Esta militância levou Jackson, de logo, a criar o Centro Dom Vital, como primeira expressão de um laicato confessional, de todo aparelhado e sabedor do seu anúncio, sem dúvidas ou resto. Era tarefa não de explicação da dúvida, mas de chamada à ordem das gerações, no Brasil às vésperas da revolução liberal e das quebras das tranqüilidades da religião estabelecida, de par com a república do café com leite.

O Centro passou, à morte de Jackson, à direção de Alceu, numa leitura dos recados da hora, de onde partiriam e já sobre o comando de D. Leme, no Rio de Janeiro, a interrogação do integralismo, o debate do neotomismo, o começo da Ação Católica e o assento no meio século das universidades católicas. No fruto histórico mais profundo de uma entrega radical, Jackson assumiu todas as farpas que, à época, faziam da toma da palavra um arranco fundador, diante das condições objetivas da contradição do status quo com o ethos cristão, e sua pergunta subversiva ao país instalado. Ficou-nos no pensador engolfado pelo oceano o lance da ruptura. A reação surgiu como o desassombro da entrega, no que viu como o assalto da modernidade à inteireza do convite à fé, a que se voltou este "cangaceiro que Deus acorrentou", com a faina do último heroísmo.

Aevum - Jackson de Figueiredo  

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Aevum, Jackson de Figueiredo. Publicado na revista A Ordem, ano 1931.















Poema 'Aos Pé's do Redemptor', Durval de Moraes  

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"Aos Pé's do Redemptor", poema de Durval de Moraes. Publicado na Revista A Ordem, ano 1931.


Os Católicos e sua covardia política  

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"Por mais que nos queiramos iludir, o certo é que sentimos quanto é morna a inexpressiva a atmosfera moral do Catolicismo no Brasil. Somos o número, somos talvez a riqueza, nada ficamos a dever aos nossos inimigos nos domínios da inteligência e da cultura, da honestidade e do trabalho, e, no entanto, sentimos que pesamos muito pouco na orientação geral da vida pública brasileira. E por quê? Porque o católico se deixa amortalhar na mais dolorosa das covardias, que é a covardia política."

FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958.

Que valor temos nós, Católicos? Jackson de Figueiredo  

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Desenho de LeandroValentin


"Que valor temos nós, católicos, na imprensa do Rio de Janeiro? Quem terá mais colunas nessa poderosíssima impressa: a igreja e o Espiritismo, as Ordens religiosas ou as associações de caráter franco ou disfarçadamente anarquistas?"

Jackson de Figueiredo, artigo 'Tolerância', in FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958.

"[...] nós, católicos brasileiros, [...]temos feitos notáveis na história da covardia humana sobre o planeta." Jackson de Figueiredo  

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"[...] nós, católicos brasileiros, [...]temos feitos notáveis na história da covardia humana sobre o planeta."

FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958. p. 86.

FRASES IMORTAIS DE JACKSON DE FIGUEIREDO  

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(...) o Brasil precisa é de convicções, é de vontades férreas, é de homens capazes de justiça e destemor ante a prosápia do malandrismo." 

"[...] nós, católicos brasileiros, [...]temos feitos notáveis na história da covardia humana sobre o planeta."

Jackson de Figueiredo, artigo 'Tolerância', in FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958.

Jackson por Agripino Grieco  

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"O fundador do Centro Dom Vital diferia desses cidadãos algo pendantes que fazem profissão de pensar, que deitam pensamento como outros deitam humorismo, em caráter permanente, de manhã à noite, que só tomam da pena dispostos a ser sublimes, a ser transcendentais. De nós para nós, mais que um doutrinador insolente, um moralista abstrato, dos que dão cabeçadas nas nuvens, achamo-lo sempre um historiador perspícuo das idéiais alheias. E Jackson provou existir muita afinidade eletiva na sua predileção por certos autores, sendo que, nele, a escolha de determinados assuntos já era em si uma opinião. No desejo de que a arte representasse cada vez mais a 'santificação da vida' e de que uma literatura impregnada de elementos criadores se sobrepusesse à literatura simplesmente anedótica ou sentimental, esse talento sem rasuras, dando-se a estudos enciclopédicos e achando que especialização é uma anquilose, parecia-nos, à maneira de Chales Maurras em França, um reacionário sincero e avesso a criar fantasmas políticos. Poucos como Jackson possuiram, no Brasil dos últimos tempos, o dom dessas frases-relâmpagos que, em meio à escuridão das idéias ambientes, fazem entrever cimos de montanhas." 

Agripino Grieco, Gente Nova do Brasil in FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958.