"O fundador do Centro Dom Vital diferia desses cidadãos algo pendantes que fazem profissão de pensar, que deitam pensamento como outros deitam humorismo, em caráter permanente, de manhã à noite, que só tomam da pena dispostos a ser sublimes, a ser transcendentais. De nós para nós, mais que um doutrinador insolente, um moralista abstrato, dos que dão cabeçadas nas nuvens, achamo-lo sempre um historiador perspícuo das idéiais alheias. E Jackson provou existir muita afinidade eletiva na sua predileção por certos autores, sendo que, nele, a escolha de determinados assuntos já era em si uma opinião. No desejo de que a arte representasse cada vez mais a 'santificação da vida' e de que uma literatura impregnada de elementos criadores se sobrepusesse à literatura simplesmente anedótica ou sentimental, esse talento sem rasuras, dando-se a estudos enciclopédicos e
achando que especialização é uma anquilose, parecia-nos, à maneira de Chales Maurras em França, um reacionário sincero e avesso a criar fantasmas políticos. Poucos como Jackson possuiram, no Brasil dos últimos tempos, o dom dessas frases-relâmpagos que, em meio à escuridão das idéias ambientes, fazem entrever cimos de montanhas."
Agripino Grieco, Gente Nova do Brasil in FIGUEIREDO, Jackson de. Trechos escolhidos. Rio de Janeiro: AGIR, 1958.
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on domingo, 9 de março de 2014
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